Mulher montou doceria com venda de casas populares no Acre, diz polícia

Com o lucro das vendas de casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida, a empresária Rossandra Lima teria montado uma loja de doces na capital Rio Branco. Em coletiva na manhã desta terça-feira (26), o delegado responsável pelo caso, Roberth Alencar, afirmou que a mulher confessou ter envolvimento no esquema que negociava casas populares no Acre e ainda afirmou que teria montado a loja com o dinheiro da fraude.
A segunda fase da Operação Lares foi deflagrada nesta terça-feira (26) e prendeu os diretores executivo e social da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) , Daniel Gomes e Marcos Huck, respectivamente. Além da ex-terceirizada Cícera Silva e a empresária Rossandra Lima, todos apontados pela polícia por envolvimento no esquema.
"Rossandra era a pessoa que realizava venda direta no esquema e teve vantagem indevida. Ela vendia as casas e tirava o lucro em cima disso. Ela utilizou esse dinheiro para abrir uma loja de doces. É réu confessa. Os outros três presos negam participação no esquema", afirma o delegado.
Durante a apresentação dos presos, na manhã desta terça (26), o diretor executivo Daniel Gomes falou com o G1 e negou as acusações. Ele fez questão de ressaltar que a denúncia da fraude partiu da própria secretaria e que não fazia parte do esquema. Os outros três permanceram calados e não quiseram dar suas versões.
"Nós que detectamos a fraude e fizemos o encaminhamento para a Polícia Civil para que fosse aberto o inquérito. Não temos envolvimento com a prática. Acredito que por exercer a função de diretor executivo fui citado", disse.
Como cada um agia no esquema, segundo a polícia
A Polícia Civil mostrou um esquema de como cada suspeito agia no esquema de vendas das casas populares. De acordo com Roberth Alencar, as casas eram vendidas por R$ 5 mil a R$ 30 mil em conjuntos populares, principalmente no Rui Lino.
"Temos diversos servidores públicos e empresários que estão em posse de imóveis que deveriam ser destinados a pessoas carentes. É mais do que um prejuízo financeiro, é um prejuízo social. Esse é um esquema que vem sendo praticado há alguns anos dentro da secretaria", destacou.
De acordo com a polícia, o diretor executivo Daniel Gomes direcionava para quem as casas deviam ser vendidas e determinava a localização dessas casas. "Uma mulher que tem um filho dele tem uma casa, uma amante também. Tudo isso ele direcionava de acordo com o poder que cabia a ele", explica.
O diretor social Marcos Huck é apontado como aquele que fazia a montagem dos processoas e autorizava a fraude. A polícia explica que Huck determinava a venda do imóvel e Cícera, a ex-funcionária terceirizada, cumpria as ordens fraudando documentos para o sorteio das casas. Uma babá do diretor foi contemplada com uma das casas.
Já a empresária Rossandra Lima teria sido recrutada por Cícera e ganhava dinheiro em cima do preço estipulado pela ex-funcionária. "Por exemplo, se uma casa era passada por R$ 5 mil, a Rossandra vendia por R$ 15 mil e ganhava em cima da venda", destaca.
Empresária confessou ter usado dinheiro do esquema de vendas de casas populares para abrir doceria, diz delegado (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Operação Lares
A primeira fase da Operação Lares, da Polícia Civil e Ministério Público do Acre (MP-AC), foi deflagrada em fevereiro deste ano e tem como objetivo desmantelar um esquema de fraude na entrega de casas populares no estado.
No primeiro momento, oito pessoas foram ouvidas e cinco mandados de busca foram cumpridos em Rio Branco. Entre os suspeitos, estavam uma funcionária da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) e um servidor lotado na Junta Comercial.
A 'Operação Lares' teve sua primeira fase concluída, que foi a obtenção de provas para fortalecer o inquérito.
Mais de 100 pessoas foram ouvidas durante a operação e foi identificada a venda de 40 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. Na segunda fase da operação, a polícia cumpriu seis madados de busca e apreensão e prendeu quatro pessoas, entre elas, dois diretores da Sehab. Além disso, cinco veículos foram apreendidos, que teriam sido comprados com dinheiro do esquema.
O delegado responsável pelo caso, Robert Alencar, afirmou que o esquema de venda de casas populares movimentou R$ 1 milhão no estado do Acre. Alencar disse ainda que as investigações continuam, já que há indícios da participação de mais pessoas, incluindo outros servidores da Sehab.
fonte   g1.globo.com

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