Sem repasses do governo federal, atendimentos do SAMU no Acre correm risco

Um programa em que o Acre é referência nacional e que presta um serviço de qualidade e emergência à população está com os dias contados e em risco de desaparecer por conta de determinações implantadas pelo Governo Federal. Trata-se do Serviço Móvel de Urgência (SAMU), acessível pelo telefone 192 em todo o Estado. Essa assistência médica para urgências está sob risco de acabar e o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou que o serviço só tem recursos garantidos penas até agosto deste ano.
O SAMU existe desde 2003, fruto de acordo bilateral entre Brasil e França. O serviço foi oficializado pelo Ministério da Saúde pelo Decreto nº. 5.055, de 27 de abril de 2004. O modelo de assistência padronizado opera por meio do acionamento da Central de Regulação das Urgências, pelo número 192.
Mas o SAMU não é apenas a ambulância que leva o acidentado em casos de emergência. A equipe ainda organiza o atendimento de urgência nos pronto-atendimentos, unidades básicas de saúde e nas equipes do Programa Saúde da Família, além de estruturar o atendimento pré-hospitalar móvel; reorganizar as grandes urgências e os prontos-socorros em hospitais; criar a retaguarda hospitalar para os atendidos nas urgências; e estruturar o atendimento pós-hospitalar. É essa estrutura toda que está sob risco de ser prejudicada pela falta de recursos no Ministério da Saúde e pelo contingenciamento de verbas determinado pelo governo Federal, que quer restringir o aumento das verbas das áreas sociais no país.
Essa ameaça vai na direção dos primeiros pronunciamentos o ministro Ricardo Barros, que já havia acenado com restrições à expansão e à continuidade de alguns serviços do Sistema único de Saúde (SUS)
O SAMU, como é executado hoje está na iminência de ser extinto e o serviço seria executado por bombeiros militares. A extinção do serviço prejudicaria, somente no Estado, cerca de 40 mil atendimentos. E essa constatação não representa uma crítica ao Corpo de Bombeiros, mas uma constatação de que uma equipe e um serviço que está dando certo por opções errôneas de responsáveis pela saúde pública.

No Acre, a gestão do SAMU é compartilhada pelo governo do Estado e governo federal, não havendo, como em outros casos, o repasse do município. Assim, toda a gestão é estadual. Durante a gestão de Tião Viana graças à boa relação estabelecida com as gestões anteriores do Ministério da Saúde, ele conseguiu fortalecer o serviço no Estado e ampliar a atuação nos municípios, além de aumentar a frota de ambulâncias.
“Essas ambulâncias são essenciais para a defesa da vida, do cumprimento das obrigações constitucionais do SUS. Poucos estados do Brasil fazem o esforço que no Acre é feito”, diz Tião Viana.
Um programa exemplar: números
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência registra média de 40 mil atendimentos por ano. São 27 mil atendimentos pré-hospitalares, aproximadamente oito mil transferências hospitalares. Além disso, cinco mil orientações realizadas pelos médicos, por telefone.
A Central de Regulação que compõe o SAMU está presente em 15 municípios, conectados entre si por meio de telefonia. Segundo relatório do SAMU Acre, as principais ocorrências atendidas pelos socorristas registradas no Estado são: Problemas cardiorrespiratórios; intoxicação exógena; queimaduras; parto e ocorrências ginecológicas com risco de morte para mãe e a criança; crises hipertensivas sem controle; ferimento de arma branca e/ou arma de fogo; agressão; quedas; acidentes/traumas; afogamentos; choque elétrico; acidentes com produtos perigosos e a transferência inter-hospitalar de pacientes graves.
Assistência avançada e básica
Segundo a direção do SAMU explica em relatório, o Estado oferece 24 Unidades Móveis de Suporte Básico que têm, além de material de consumo, medicações, rede de oxigênio, prancha longa para imobilização da coluna, colares cervicais, cilindros de oxigênio, material de parto, talas de imobilização de fraturas, ressuscitador manual adulto e infantil (ambu) entre outros utilizados em Suporte Básico de Vida.
Nas três Unidades de Suporte Avançado (UTI móveis do SAMU) além de material de consumo e medicações, há incubadora para transporte, aspirador cirúrgico, respirador, monitor multiparâmetros, oxímetro digital e bomba de infusão para seringas, além de todo o material para imobilização e demais urgências médicas graves.
O Acre há ainda as motolâncias, motos adaptadas, equipadas com desfibriladores e cilindros de oxigênio. As motos são utilizadas, principalmente, em duas ocasiões: nos horários de pico, quando terão maior agilidade para prestar os primeiros socorros e no atendimento de ocorrências que inicialmente não são de urgência.
“São realizados atendimentos de urgência e emergência em qualquer lugar, seja em residência, local de trabalho e vias públicas, contando com as Centrais de Regulação, profissionais e veículos de salvamento”, explicou Lúcia Luna, coordenadora do SAMU no Acre, elogiada nacionalmente pela competência da gestão do programa no Estado.
A equipe do serviço conta com 418 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e de regulação; motoristas de ambulância e motolância; rádio operadores e operadores de frota. Os servidores atuam em esquema de plantão permitindo que o SAMU funcione 24 horas, todos os dias da semana.
Cidades que compõe a Rede SAMU conectadas a Central de Regulação de Urgência de Rio Branco:
Rio Branco
Sena Madureira
Manoel Urbano
Plácido de Castro
Santa Rosa do Purus
Jordão
Acrelândia
Senador Guiomard
Capixaba
Bujari
Porto Acre
Brasileia
Xapuri
Assis Brasil
Epitaciolândia
Cidades que compõe a Central de Regulação Médica de Cruzeiro do Sul:
Cruzeiro do sul
Mâncio Lima
Marechal Thaumaturgo
Porto Walter
Rodrigues Alves
Feijó
Tarauacá
Acidentes e prejuízos
Um acidente de moto, muitas vezes por imperícia do condutor, pelo excesso de velocidade ou por imprudência em via pública, pode custar até R$ 50 mil para os cofres públicos. Este é o custo do atendimento de urgência, internação, cuidados médicos, próteses ortopédicas, cirúrgicas, equipamentos de uso temporário, fisioterapia e outros custos adicionais.
Além do problema humano, do drama do acidentado, das consequências do acidente para o envolvido, muitas vezes para outras vítimas e suas famílias, uma ocorrências tem um impacto forte no orçamento da saúde no estado. Essa é uma preocupação das autoridades médicas, do DETRAN, dos responsáveis pelas questões previdenciárias, de Trabalho e outras áreas afetadas.
Por isso, a atenção com o trânsito é absoluta prioridade, combatendo excessos e imperícias, com blitze de combate ao uso de bebidas ao volante e outras ações preventivas.
fonte   www.jornalatribuna.com.

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